A escada é ampla e segura. Há previsão de poço para instalação de um elevador. As janelas são grandes e têm peitoris baixos, cerca de 60 cm para que se possa ter visão mesmo quando sentado ou deitado, os pontos de tomada nas paredes são acessíveis, mais ou menos na altura do assento da cadeira, o piso tem alto contraste, mas sem ofuscar, a porta do banheiro é ampla, na rota do dormitório com banheiro há luz de balizamento. Tais cuidados na hora de planejar a construção da casa já são adotados por arquitetos atentos aos princípios do Universal Design, um movimento que começa a chamar a atenção do brasileiro.

A proposta é eliminar barreiras tanto no interior quanto na parte externa da casa, propiciando, cada vez mais, conforto ao morador. É assim que casas européias, americanas e asiáticas estão sendo planejadas e é desses continentes que surge a preocupação da casa para a vida toda ou da casa do futuro, com infra-estrutura baseada na praticidade, segurança e adequação ao uso.

Um bom projeto deve permitir mudanças e adaptações, prevendo as diversas necessidades que o usuário possa ter em qualquer fase da vida. Um dos grandes diferenciais do projeto residencial com a aplicação dos princípios do Universal Design é que a casa estará apta a ser adaptada facilmente, quando uma limitação se impor, permitindo a transformação dos ambientes sem prejuízo ou comprometimento do espaço.

O projeto prevê, como exemplos, a colocação de barra de apoio no banheiro da residência sem o risco de danos na parte hidráulica; paredes internas passíveis de remoção para ampliação do ambiente; portas de banheiros mais amplas para a passagem de uma cadeira de rodas ou de uma pessoa que precisa de um assistente; colocação de tomadas a 46 cm do piso, ao contrário do padrão atual que é de 30 cm, evitando assim esforço desnecessário ou mesmo uma lesão, entre outros itens, que podem ser simples e acessíveis. A casa para a vida toda prevê o conforto dos moradores em qualquer fase da vida.

A aplicação do conceito Universal Design não representa um custo maior no preço da moradia, porque os princípios estão inseridos na infra-estrutura da edificação. Mas adaptação de um imóvel já construído nos padrões atuais é mais complicada, nem sempre é possível e o gasto tende a ser mais elevado.

O projeto de moradia segura tem de permitir a adaptação. "Quem nunca teve problemas na hora de acomodar um idoso por ignorar ou não prever quais são as limitações que poderiam surgir nessa fase da vida?
Tão importante quanto a acessibilidade é repensar os parâmetros dos projetos para o bem-estar de todos os usuários em qualquer idade ou estágio da vida.

Pesquisas apontam que 80% da população com idade acima de 60 anos não quer mudar de casa. Segundo dados do IBGE, a população brasileira atual nessa faixa etária representa 9,1% da população total. A expectativa é que em 2020 essa população represente mais de 15%, totalizando 25,3 milhões de pessoas.
Se considerados ainda os dados da OMS (Organização Mundial de Saúde), que 5% a 10% da população com mais de 60 anos sofre acidentes domésticos fatais tais cuidados no projeto da casa podem ser bastante significativos na redução desses índices, garantindo melhor qualidade de vida aos moradores.

Pelo conceito Universal Design, acessibilidade está inserida no processo de planejamento da moradia, porém, a adaptabilidade seria a melhor definição para essa tendência, com ênfase no uso da casa com independência e igualdade por todos os usuários. Deve-se pensar na casa do futuro, com previsão de adaptabilidade, que deverá comportar e proporcionar bem-estar ao morador, o que nem sempre está ligado à alta tecnologia.