Projeto pioneiro no Brasil é assinado pelo Instituto Brasil Acessível e poderá servir de modelo para novas iniciativas na área da saúde





São Paulo, 1º de outubro de 2013_ Projetado pela arquiteta Dra Sandra Perito, diretora–presidente do Instituto Brasil Acessível (IBA), o TUCCA Hospice Francesco Leonardo Beira, inicia atividades de atendimentos para prover qualidade de vida e cuidados paliativos para crianças e adolescentes com câncer terminal, na companhia de seus familiares.

A obra é diferenciada pela especialidade da arquitetura inclusiva, premissa do projeto de construção, sendo o primeiro do país, neste modelo. “Foi um desafio pela inovação do projeto”, afirma a arquiteta Sandra Perito, que responde pelo projeto lançado em 2011.




A arquitetura inclusiva considera não só a acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida, mas garante ambientes amigáveis para qualquer pessoa com qualquer tipo de limitação, especialmente, para pacientes fragilizados, garantindo independência, segurança e igualdade de uso a todos.




Segundo ela, no estudo feito pelo Instituto Brasil Acessível (IBA), especialmente, no segmento da saúde, nenhum projeto foi encontrado que pudesse remeter à arquitetura inclusiva, o que demonstra pioneirismo do projeto no país.

“Trabalhamos o conceito da arquitetura inclusiva para o TUCCA Hospice Francesco Leonardo Beira porque garante conforto, pouco esforço físico e fácil percepção no uso dos ambientes, tanto pelos pacientes e acompanhantes quanto pela equipe médica de atendimento. É o conceito de melhor aplicabilidade especialmente para o segmento de saúde”, explica a arquiteta. “Um projeto dessa natureza inclui produtos acessíveis para todas as pessoas, independentemente de suas características pessoais, idade ou habilidades. Mas não há projetos similares reconhecidos, o que demonstra potencial para o setor, ressalta a especialista.

A proposta da presidente do Instituto Brasil Acessível (IBA), para a concepção do projeto considerou ainda a criação de ambientes que valorizassem o bem estar das crianças e de seus familiares para o uso das instalações, como um lar.

Em um terreno de 2,8 mil metros quadrados, o TUCCA Hospice compreende 400 metros quadrados, além de outros 250 ocupados por um depósito, que foi projetado especialmente para receber doações, um pedido específico da direção da entidade.

“São três suítes para as crianças ou adolescentes ficarem com os pais, além de um ambiente reversível, que poderá servir como um apartamento maior, podendo atender mais pessoas da mesma família”, explica a arquiteta, ressaltando, que os ambientes seriam suficientes pela projeção da direção do TUCCA, embasada pela experiência do atendimento da demanda da oncologia pediátrica do Hospital Santa Marcelina, uma vez que cerca de 80% dos pacientes responde de forma positiva ao tratamento curativo do câncer.

No projeto assinado pelo Instituto Brasil Acessível (IBA), também estão contemplados recepção, sala de consultório, sala de estar, sala de jantar (multiuso) anexa à sala de brinquedos ou chamada sala de atividades, sala de hidroterapia com banheira de hidromassagem para exercícios com as crianças, além de capela ecumênica, com pátio externo coberto.

Na parte externa integrada com a área social também há toda uma área de jardim, com um lago, e paisagismo, a fim de tornar o ambiente mais harmonioso e com características de uma casa, com enfoque na qualidade e no bem estar de todas as pessoas que necessitam desse apoio.

“Tudo foi pensado para ser totalmente acessível, inclusive a disposição do mobiliário. Não somente com a preocupação pelo uso da cadeira de rodas, mas também para crianças com dificuldade de visão. Todos os ambientes reúnem os elementos da arquitetura inclusiva, passando por piso antiderrapante e pelas janelas balcão, que atendem as necessidades de qualquer pessoa em plena capacidade ou não. Neste ambiente, específico, são fundamentais”, destaca Sandra Perito.

O conceito internacional hospice, amplamente difundido em países da Europa, como Inglaterra e Holanda, chega de forma efetiva ao Brasil, na oncologia pediátrica, pela TUCCA (Associação para Crianças e Adolescentes com Câncer), que anuncia a inauguração do TUCCA Hospice Francesco Leonardo Beira, na Zona Leste de São Paulo.

Conceito Arquitetura Inclusiva

A premissa da arquitetura inclusiva é projetar ambientes que possam ser usados por todos, com conforto e segurança, independentemente das habilidades, capacidade física ou idade. Seus princípios devem estar fundidos na infra-estrutura da edificação e prega o investimento na capacidade dos ambientes e produtos, com base na adequação ao uso, praticidade e segurança.

No Brasil, a primeira construção de uma edificação inclusiva foi apresentada em 2003, pela arquiteta Sandra Perito, no período, doutoranda de Arquitetura pela Universidade de São Paulo (USP). O projeto reuniu 25 empresas apoiadoras.

Entenda o conceito de hospice

Em 1840, na França, os hospices eram abrigos para peregrinos durante seus percursos, possuindo origem religiosa, onde eram cuidados os enfermos que estavam morrendo. Em 1900, surgiu outro em Londres e posteriormente, em 1967, o St Cristopher’s Hospice, que revolucionou essa filosofia e deu início a outros hospices independentes, fundado por Cicely Saunders.

Com esse movimento, começou a ser introduzido um novo conceito de cuidar, e não só curar, focado no paciente até o final de sua vida. Diante desse momento, um novo campo foi criado, o da medicina paliativa, incorporando a essa filosofia, equipes de saúde especializadas no controle da dor, no alívio de sintomas e na melhoria da qualidade de vida. O hospice é o ambiente ideal para a prática de cuidados no fim da vida para os pacientes sem chance de cura. Na Inglaterra, já em 2005, havia 1.700 hospices.

Cuidados paliativos

Em 2002, o conceito de cuidados paliativos foi ampliado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), ressaltando a importância de uma abordagem ou tratamento que melhora a qualidade de vida de pacientes e familiares desde o momento do diagnóstico. Os cuidados paliativos devem, portanto, prover conforto físico, suporte psicossocial e espiritual. O paciente em cuidados paliativos, ainda que não tenha mais chances de cura, continua a receber toda a assistência necessária até o final de sua vida. Há necessidades efetivas de se controlar a dor e outros sintomas desagradáveis ao paciente, além de uma supervisão médica altamente qualificada com o objetivo de aliviar o sofrimento ou melhorar a qualidade de vida dessas pessoas.

Sobre o Instituto Brasil Acessível

O Instituto Brasil Acessível é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), sem fins lucrativos, fundada em fevereiro de 2004, por iniciativa de um grupo de quatorze profissionais de projeto e construção, de saúde e de educação. Tem por finalidade promover a inclusão social no ambiente construído a fim de combater a exclusão social por ele causada, contribuindo para a integração dos indivíduos na plena cidadania.

Instituto Brasil Acessível busca transformar-se em modelo nacional na proposta de alternativas de inclusão no ambiente construído pela promoção de acessibilidade dos espaços, igualdade de uso, independência e segurança, adaptabilidade dos ambientes às necessidades individuais de cada usuário, fácil percepção e entendimento dos espaços e necessidade de pouco esforço físico para utilização dos ambientes, independente de habilidades, características físicas ou idade do usuário.

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