|

AO CREA-SP, por meio do seu Grupo de
Trabalho de Acessibilidade, iniciou no último dia 10,
na unidade Nestor Pestana – Capital paulista -, o Módulo
I do Curso de Capacitação Técnica em
Acessibilidade e Mobilidade Urbana, cujo objetivo foi introduzir
os conceitos de acessibilidade e desenho universal nas questões
relativas ao projeto e aplicação das normas
técnicas de acessibilidade, baseadas na NBR 9050.
Mais de 110 profissionais participaram do módulo que
abordou questões como a necessidade da conscientização
profissional e social, a legislação que trata
do assunto (como por exemplo o Decreto 5.295/04), a Acessibilidade
em Edificações, além do conceito de Desenho
Universal. “O profissional teve acesso a todas as informações
e dados referentes ao assunto, inclusive com a vivência
prática, ou seja, fizemos com que o aluno percebesse
a dificuldade que as pessoas portadoras de deficiência
ou com mobilidade reduzida passam no dia-a-dia das cidades”,
esclareceu o coordenador do GT Acessibilidade, eng. Luiz Carlos
de Alcântara.
A procura pelo curso superou as expectativas. Além
da primeira turma, mais 450 profissionais se inscreveram no
site do CREA-SP. De acordo com o coordenador do GT Acessibilidade,
novas datas serão marcadas para atender a esta demanda.
Para o presidente do CREA-SP, eng. José Alonso, a
iniciativa do Conselho visa multiplicar o número de
engenheiros e arquitetos aptos a projetarem com acessibilidade.
“Mostramos mais uma vez a importância do profissionais
da área tecnológica, valorizando-os e capacitando-os
criando, com isso, condições de melhor planejar
e executar as cidades”, afirmou o presidente. Para ele,
a questão da acessibilidade é previsto no Estatuto
das Cidades e todos os municípios devem prever seus
planos diretores, até outubro de 2006.
Vivência prática - Durante o curso, os alunos
passaram por situações semelhantes as que passam
os portadores de deficiência ou com mobilidade reduzida.
Cadeiras de rodas, muletas, andadores e tapadeiras foram utilizados
pelos alunos nas ruas próximas à unidade Nestor
Pestana. Para o arquiteto Luis Roberto Carnivalle, cadeirante
por alguns minutos, as ruas da cidade nada facilitam o dia-a-dia
das pessoas que utilizam cadeiras de rodas. “Guias pouco
rebaixadas, inclinações incorretas de rampas,
desnível de um imóvel para outro são
as principais dificuldades que eu encontrei. Fico imaginando
como uma pessoa consegue passar por todos esses obstáculos”,
questionou Carnivalle.
A mesma opinião é compartilhada pela arquiteta
Aparecida Rodrigues de Alencar. Segundo ela - que utilizou-se
de uma tapadeira para os olhos - árvores, postes, telefones
públicos, aclives e declives são comuns na cidade
paulistana e dificultam o dia-a-dia de qualquer pessoa. Aparecida
parabenizou a iniciativa do CREA-SP e disse que o Conselho
deve priorizar o assunto, ser o gestor das ações
em favor da acessibilidade e convidar todas as entidades organizadas
para tratar da questão.
O presidente do CREA-SP concorda: “Temos a responsabilidade
e o dever de, enquanto profissionais da área tecnológica,
projetar todas as obras com condições de acessibilidade.
Agora é lei e temos que fiscalizar os profissionais
e orientá-los quanto a importância do assunto”,
disse Alonso.
Surgimento do curso - O governo federal assinou no final
do ano passado o Decreto 5.296/04, regulamentando as Leis
n.º 10.048, que dá prioridade de atendimento às
pessoas com deficiência, e a n.º 10.098, que estabelece
normas gerais e critérios básicos para a promoção
da acessibilidade para pessoas portadoras de deficiência
ou com mobilidade reduzida.
De acordo com o Decreto, nenhum projeto de natureza arquitetônica
e urbanística, de comunicação e informação,
de transporte coletivo, bem como a execução,
construção ou reforma de qualquer tipo de obra
quando tenha destinação pública ou coletiva,
terá permissão para ser realizada se não
estiver cumprindo rigorosamente a legislação
de acessibilidade.
Na prática, caberá aos CREAs, responsáveis
pela fiscalização profissional dos engenheiros
e arquitetos, verificar se uma obra está sendo feita
de modo a atender aos portadores de deficiência ou mobilidade
reduzida.
O Conselho paulista é o único que oferece o
curso no Brasil e o coordenador Luiz Carlos de Alcântara
explica que ele nasceu da necessidade de informação
e conhecimento dos profissionais da área tecnológica.
“Pelo Decreto teremos que fiscalizar os profissionais
que não contemplarem suas obras de forma acessível.
Só que antes de fiscalizarmos esses profissionais,
temos que treiná-los e ensiná-los a projetar
corretamente. Por isso que estamos oferecendo esses cursos
gratuitamente”, observou.
O curso será dado em todo o Estado de São Paulo
durante os meses de julho e agosto. O Módulo II tem
previsão de início a partir da primeira semana
de setembro. Profissionais de São José dos Campos,
Ribeirão Preto, São José do Rio Preto,
Bauru e Araçatuba também já participaram
do curso no mês de junho.
|